quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

DOUTOR JIVAGO -- Boris Pasternak

Vou ser sincero. O livro eh muito ruim. Tao ruim, que chega a dar raiva. Apesar de tudo isso, ao acabar-lo vc percebe que apesar de tao ruim, voce gostou do livro e passa a reconhecer a sua importancia no contexto historico russo-socialista. Isso da mais raiva ainda. Como gostar de algo tao entediante?

Sim, Boris Pasternak era muito macho e muito louco. Essa eh a unica explicacao plausivel para respondermos que tipo de pessoa escreve um livro desse em um regime totalitario, onde a censura era imposta livremente.

Considero que o livro eh uma descricao "nao-fantaciosa e nao-sensacionalista" do cotidiano russo durante as revolucoes de 1905, 1917, a primeira, e segunda guerras mundias. Pasternak mostra todos os horrores que a guerras trouxe a populacao russa, sem medir palavras: As mortes, assassinatos, fome, doencas, intolerancia, e totalitarismo. Ou seja, um verdadeiro balde de agua fria para todo o programa de propaganda politica sovietica vigente na epoca. Nao eh surpresa que o livro soh foi publicado em solo russo apenas 1m 1988 e que Pasternak fora proibido de receber o premio nobel por ele ganho em 1958. (Tenho que pausar e me perguntar como q ele conseguiu ganhar esse nobel?.....eh chato admitir q um livro desse merece...mas talves mereca mesmo).

Os pontos marcantes da obra, a desilusao com a revolucao e a descaracterizacao do ser humano, sao sozinhos razoes para ler o livro, por mais entediante q ele seja ( prometo q vou tentar pegar mais leve daqui para frente). Nao se pode dizer q se trata de um livro de direita e totalmente anti-revolucionario, mas pode se tracar uma distincao clara entre a obra e o resto da producao literaria do periodo, como por exemplo as obras inflamadas de escritores e poetas da epoca.

Nao podemos comparar o livro com Os Possessos de Dostoevsky, por exemplo. Mas talves a analogia pode ser feita com o autor de Os Possessos. Como Dostoevsky, Jigavo foi de simpatizante a revolucao, a uma pessoa calma, q advogava o bem estar da populacao acima de tudo.

Sobre o aspecto artistico, nao ha muito o q pode ser dito. Mesmo pq, a nossa experiencia ao ler o livro em portugues, e nao em russo, torna a leitura pobre quando levamos em consideracao que Boris Pasternak era conhecido como um poeta, um mestre da lingua russa q recorreu a toda sua habilidade para fazer do livro sua obra prima, um "overture", com perfeicao quase q chopiniana. O que podemos dizer eh que suas dissertacoes sobre arte sao meio confusas e escuras e que suas descricoes desnecessariamente longas da paisagem russa sao muito cansativas e fora de lugar. Sao semelhantes, eh verdade, as de Aluizio de Azevedo em sua obra O Mulato. Aluizio, porem, foi muito mais feliz na sua abordagem tecnica.

Concluindo, espere uma boa briga com o livro e seus capitulos gigantescos. Uma briga prazerosa, especialmente apos o termino da sua leitura. Se voce eh marinheiro de primeira viagem em obras russas "modernas" pos-era dourada, nao espere um Dostoevsky e nem um Turguenev, pois a leitura eh muito diferente. Mesmo assim, impossivel nao reconhecer Doutor Jivago de Boris Pasternak como leitura obrigatoria dos amantes e estudiosos da literatura russa em si e historia mundial em geral, assim como os amantes de estudos sobre filosofia politica e governamental. Uma boa sorte aos embarcantes do barco Jivago.